Ela deu material para que trabalhássemos:
--> O livro da ANDI(Agência de Notícias dos direitos da Infância) Crianças Invisíveis - O enfoque da imprensa sobre o Trabalho Infantil Doméstico e outras formas de exploração Vol 6, Cortez Editora, 2003;
- -> Um trabalho da ANDI de Análise de Mídia: As piores formas de trabalho infantil, n°07.
Esse era o ponto de partida para far a matéria. Ela queria uma abordagem mais humana para a reportagem. Nos orientou a usar gravador e tirar fotos, se possível.
Bom, as conclusões que tiro desse trabalho são as seguntes:
1- Trabalhar com crianças é difícil. Faze-lás falar, aboradá-las, manter uma linha de conversa é complicado.
2- No caso desse trabalho, foi difícil porque os pais, obvianmente não querem se expor e deixar as crianças falarem.
3- É preciso ter cuidado para não se meter em uma situação difícil.
Então, aqui vai a 1ª versão da minha reportagem sobre trabalho infantil.
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Criança vende doces para ajudar na renda familiar
Situação comum é encontrar crianças vendendo doces em ônibus, nas ruas e na rodoviária de Brasília. Um exemplo de trabalho infantil que todos vêem, mas que ainda não foi resolvido
Rodoviária do Plano Piloto, 18:30h, horário em que o trânsito está caótico, as pessoas correm para pegar o ônibus, ir para a faculdade, chegar
Tatiana*, 11 anos, vende balas para ajudar seus pais. Tudo que consegue arrecadar ela entrega para os pais. A mãe vende bombons e o pai é assistente de obras.
Com os pés calçados em chinelos sujos, a roupa batida e o cabelo encardido, Tatiana oferece balas, chicletes e paçoca ao preço de um real. Ela não trabalha em tempo integral. Vai à escola, brinca com os amigos, porém gostaria de ter mais tempo para estudar e brincar com suas bonecas.
Como 5,1 milhões de crianças e adolescentes, segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Tatiana trabalha para ajudar nas contas domésticas e manter o básico da alimentação em casa. Seu irmão mais velho Carlos*, 15 anos, também trabalha.
A mãe de Tatiana, Carla*, acompanha a menina enquanto também vende. ‘‘É preciso, né. Eu já menina também já trabalhava. ’’ ela diz que o trabalho não atrapalha nos estudos da menina, pois não é todos os dias e no horário contrário ao da escola.
Por ser uma família pobre, Carla afirma que todos precisam ajudar de alguma forma nas despesas da casa. O filho mais velho, Carlos trabalha como engraxate. Somente o filho mais novo Tiago, oito anos, apenas estuda. ‘‘Espero que ele não precise passar por isso’’ diz a sofrida mãe de Tatiana, mãe de crianças como muitas outras no Brasil e no mundo.
No mundo são 250 milhões de crianças entre quatro e quatorze anos trabalhando. A má distribuição de renda, a cultura de que o trabalho engrandece e amadurece a criança e o crescimento do trabalho informal são as principais causas apontadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) como causas do trabalho infantil no Brasil.
Pauta social engajada: o fim do trabalho infantil é uma luta diária
O trabalho infantil é um problema que perdura por séculos. Entre os anos 1910 e 1920, o trabalho fotográfico de Lewis Hine abriu os olhos da sociedade americana para o trabalho infantil. Graças a isso, em 1916 o Congresso americano aprovou uma legislação de proteção à criança. A partir daí, para crianças com 14 anos ou menos, o ambiente fabril ficaria restrito e elas teriam seu tempo de estudo e seu tempo de brincar.
No Brasil, o assunto tornou-se parte da agenda social a partir dos anos
A Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos fabricantes de Brinquedos), criada em 1990, colabora para a divulgação e conscientização desse problema social.
Em 1995 foi publicada a reportagem ‘‘Nossas crianças: a sucata do progresso.’’ Subsidiada pela Fundação Abrinq e publicada na revista Atenção, a reportagem repercutiu internacionalmente e mobilizou sociedade e governo a tomar ações práticas no combate ao trabalho infantil.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) existe há 18 anos e regulamenta como deve ser o trabalho de adolescentes e proíbe o trabalho para menores de 14 anos. Acima disso só na condição de aprendiz. Assim, Tatiana, deveria apenas dedicar-se aos estudos para ter melhores condições de vida no futuro realizar seus sonhos. ‘‘Eu quero ser enfermeira, porque é uma profissão muito bonita. ’’
Muito foi feito para a erradicação desse mal. Compromisso de empresas e governo, destaque na mídia, porém a luta é diária e o compromisso deve ser de todos.
*Nomes fictícios