Resenha do livro 1968- O ano que não terminou
O ano de 1968 foi um marco na história da sociedade moderna. É sinônimo de protesto, esperança, ação. Esse ano marcou o Brasil e o mundo. Marcou também a vida de quem o vivenciou. Não era possível sair ileso. Os jovens daquela época sentiram tudo à flor da pele.
‘‘1968- O ano que não terminou’’ é escrito por um desses jovens que viveram esse ano intensamente. Zuenir Ventura também participou de passeatas, estava presente nos discursos, militava. Como o próprio título sugere, 1968 não acabou em 31 de dezembro. Até hoje os acontecimentos daquele ano ecoam no comportamento, no jeito de protestar, de sonhar e lutar por uma sociedade melhor.
No livro, os fatos são contados com clareza e rigor histórico, mas nem por isso falta humor ou paixão ao relato. É graças ao fato de o autor ter vivido o ano de 68 que sua narração nos aproxima e faz sentir a época. Conhecemos personalidades como Caetano e Chico Buarque, Gláuber e Goddard, Vladimir Pereira, Franklin Martins e tantos outros que são representativos desse ano.
No Brasil de 68 – que é o foco principal do livro- o Reveillon da casa da Helô é uma prévia do que vai acontecer durante todo o ano: discussões políticas, exageros, pancadaria, comportamentos subversivos. Já em março, a morte do estudante Edson Luís Lima choca o país e é o primeiro sinal de que seria um ano de choque entre estudantes, sociedade e governo. Enfim, o povo faria a sua hora e lutaria. A partir daí, as passeatas estudantis tornaram-se ainda mais comuns e o choque contra a polícia, mais violento. O ponto alto foi a Passeata dos 100 mil, um protesto não só dos estudantes como também da sociedade contra a ditadura e por melhores condições para cada classe que protestava.
Essa liberdade dura pouco e o cerco aperta, culminando na instauração do AI-5, que veio para acabar com os sonhos e as esperanças de um futuro democrático. A utopia acabaria ali? É claro que não. Restou um pouco de 1968 em cada um daqueles que foram à luta e conseguiram mudar pelo menos um pouco o mundo.
Zuenir Ventura
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